Crônicas

Acordei…

Felícia se achegou ronronando, olhei o visor do celular e apenas passei a mão nela, a minha gata amiga e companheira. 

Nem a olhei, não era hora de comer e, se ela tem os truques dela, eu também desenvolvi os meus. A convivência, a rotina faz dessas coisas.

Eu e ela não brigamos, nem criamos traumas. 

O que não é comum entre pessoas, ah não!

Como assim? Ora, se não há conflitos, os experts em palestras, cursos, imersões e demais produtos para destravar “gatilhos”, curar a criança interior, ressignificar e todas essas maravilhas não sobreviveriam! 

Se não estivermos “alinhados”, a solução está aí, ao nosso alcance , em suaves ou nem tantas parcelas mensais.

É inadmissível que nós, pessoas esclarecidas e atualizadas com as inúmeras soluções disponíveis, ainda não estejamos “terapeutizados” e vivendo prósperos e felizes!

Resolvi diminuir o tempo, procurei alguma leitura interessante no celular. 

Lixo. Anúncios e quetais de coachs, vendedores de pó (não me entendam mal!) e chás, para reumatismos, gastrites, quedas de cabelos, impotências, e o que você precisar.

Olho o mostrador do celular. A hora avançou, mas o sono não retornou.

Continuei a me ocupar no infinito mundo virtual, até que cheguei ao threads

Não, não posso chegar ao fundo do poço.

Cubro a minha cabeça e retomo o  velho e eficiente conselho dos meus avós: contar carneirinhos…


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Maria Elza G. Gonçalves

Aposentadoria e entrada na Terceira Idade. Duas mudanças importantes que ocorrem na vida das pessoas e que merecem nossa reflexão.

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