Alexandre Leidens

Alexandre Leidens é um cronista nascido em Gaurama/RS radicado no Paraná, leitor compulsivo, cínico e pessimista. Retrata os meandros do cotidiano com o desdém tragicômico dos velhos ranzinzas. Também trabalha com coisas sérias, mas gosta mesmo é da reclamação e da fofoca. Hipócrita assumido, rouba livros sempre que possível e sem culpa. Adepto do chope gelado e da conversa fiada, só gosta do verão quando vai à praia. Escreve quinzenalmente para o site Crônicas Cariocas.
  • Crônicas

    O hambúrguer e o pós-estruturalismo publicitário

    Lavava o banheiro num sábado à tarde ouvindo um quilométrico solo do Zakk Wylde quando uma propaganda em volume absurdo atravessou a música anunciando a inauguração da mais nova hamburgueria da cidade, naquela noite, com diversas atrações e um precinho supimpa. Toda vez que isso acontece me culpo por não pagar uns míseros reais para matarem os anúncios do aplicativo. O susto faz qualquer pessoa prestar atenção naquela porcaria por alguns segundos, malditos publicitários. O Zakk e os outros membros do Black Label Society provavelmente não se importam com a intromissão porque a plataforma deve depositar uns centavos na conta da banda de quando em vez. Eu, no entanto, continuo aproveitando a versão grátis até a curta paciência consumir as barreiras da minha verve mão de vaca. Mais tarde abri o Instagram e lá estava um conterrâneo metido a influencer…

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  • Crônicas

    Empolgação mata

    Os primeiros duzentos metros foram tranquilos, com exceção do tênis apertado e da provável gestação de uma bolha no calcanhar. Também apareceu a taquicardia, a omissão do fôlego e o arranhar dos joelhos, mas estava tudo bem. Só depois, talvez na casa dos trezentos, brotou-me a desconfortável memória muscular de uma distensão na virilha. A caminhada até lá foi uma tentação. Afinal, por qual motivo haveria tantas barraquinhas de cachorro-quente, sorveterias e pastelarias no entorno da pista de atletismo? Aquela pastelaria, aliás, vendia uma inesquecível coxinha recheada de frango com catupiry. Entendi a prerrogativa comercial quando notei as várias pessoas com corpos atléticos e suados abocanhando lanches gordurentos após o treino. A cena é inclusive ofensiva para os mais roliços, que, digamos, salivam desmedidamente. O primeiro puxão chegou mais ou menos nos seiscentos metros, mas o peguei como um toque…

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