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Na penumbra
me faço grande
como minha sombra na parede.
Porém a parede
não é intacta
como a cerâmica do banheiro.
Suas imperfeições
remetem-me para além dela mesma
e me vejo em cada detalhe
mal sucedido de sua arquitetura.
Na penumbra
me faço gente
como as presenças que me povoam.
Porém o sonho
não corresponde
à realidade imaginada.
Os monólogos com a sombra
remetem-me para além de mim
e me sinto em cada possibilidade
de acender a lâmpada
e não perder o mágico domínio.
O Acaso das Manhãs