Roberto Motta

  • Como pode uma pessoa viver tanto tempo sem um cão?

    Outro dia, deparei-me com uma foto simples, mas cheia de significado: um cão da raça shih tzu fofo e a legenda que dizia, com uma sinceridade quase cortante: “Como pude viver 58 anos sem um cão?” Aquilo me fez refletir profundamente sobre a força desse questionamento. Não era apenas uma questão retórica ou um desabafo casual; era um grito silencioso sobre o impacto de algo que muitos ignoram até o dia em que se deparam com as evidências. Quantas pessoas, por diversas razões, deixam de viver a experiência única de compartilhar o cotidiano com um cão? Quantas, por escolha, circunstâncias ou até por falta de oportunidade, acabam privadas de algo tão poderoso e, ao mesmo tempo, tão simples. É uma relação que dispensa explicação, que não se justifica em palavras, mas que transforma vidas com uma intensidade quase inexplicável.

    Quando reflito sobre isso, o que sinto não é pena pelos cães. Eles sempre encontram formas de amar, de se fazer, de fazer parte do mundo ao seu redor. Minha tristeza é pelas pessoas. Por quem nunca se permitiu experimentar a leveza, o carinho e a simplicidade que vem de um olhar canino. Eles não sabem o que perdem: uma companhia que não exige nada além de presença, uma lição diária sobre amor incondicional. Uma relação tão pura e transformadora que só quem já teve ou tem um animal de estimação pode compreender plenamente.

    Não escrevo para convencer ninguém. Cada um tem suas razões e seu momento. Mas acredito, com cada fibra do meu ser, que a presença de um cão na vida de qualquer pessoa é uma dádiva. Eles trazem mais do que alegrias passageiras; trazem permanência em meio ao efêmero. Um cão nos ensina a desacelerar, a ouvir com o coração, a encontrar beleza na rotina e valor nos pequenos gestos. É uma troca que transcende palavras, um privilégio que muitos talvez só percebam tarde demais.

    Quem já teve um cachorro sabe do que estou falando. São momentos únicos, pequenos instantes que se tornam memoráveis.

    E, para aqueles que ainda não vivenciaram essa experiência, talvez ainda seja tempo de descobrir o que um cão pode fazer por sua vida. A vida tem um jeito curioso de nos surpreender, de nos oferecer segundas chances quando menos esperamos. Acolher um cão, conviver com um ser que nos ama sem reservas, não é apenas um ato de generosidade; é um privilégio. É um aprendizado diário sobre paciência, afeto e simplicidade. E, muitas vezes, são essas lições que mais nos faltam na correria insana dos dias.

    Se eu tivesse que dar uma única dica, diria que um cão é um lembrete claro de que a vida pode ser mais do que contas a pagar e metas a cumprir. É sobre conexões reais, sobre estar presente e sobre amar sem esperar nada em troca.

    Para aqueles que ainda duvidam do que a companhia de um cão pode ser capaz, talvez a pergunta não seja “Como pude viver tanto tempo sem um cão?” e sim “O que estou esperando para descobrir o que um cão pode me ensinar?”. Afinal, não importa quando o laço começa, ele sempre tem o poder de durar (ou curar o) para sempre.

    *Inspirado numa publicação de Roberto Motta, extraído do Threads.


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