Rush

  • Alienígenas do futuro

    A precisão temporal inexiste, mas quando perceberam já não havia mais tempo. Dentre os estudos publicados, podemos destacar uma corrente pregando o retorno às origens, que não angariou grandes esperanças na virada de prumo. Nesse período, confiaram em Deus, retocaram ensinamentos, refizeram passos, adoraram falsos Messias, mataram inocentes, morreram por déspotas, fizeram e foram feitos de bobos.

    O valor moral do trabalho decaiu quando tudo, ou praticamente tudo, foi abarcado pela tecnologia. Eles a veneraram como uma Deusa, entregaram-se abertamente, aprimorando ferramentas, construindo máquinas, trabalhando, um tanto inocentes, em utensílios facilitadores. Acreditamos que o marco principal dessa derrocada foi quando suprimiram a distinção entre o trabalho braçal e o digital. Na
    próxima imagem ficará mais claro.

    Como podem ver, houve uma naturalização da tecnologia e de uma espécie de conceito civilizatório global a ponto de acharem-se homogêneos. Banhados em hipocrisia, lutavam por uma justiça rasa enquanto fingiam desconhecer as colônias de trabalho escravo em cantos obscuros do planeta. Esses locais, em particular, realizavam o serviço pesado, sujo e desumano, enquanto os demais habitavam uma verdadeira realidade paralela.

    Na próxima animação é possível observar como cada conquista tecnológica foi comemorada, sobretudo por quem desconhecia o seu funcionamento. Nem tão de repente, notaram-se escravizados, dependentes de um prazer insosso e previsível, num processo semelhante ao que faziam com ratos em laboratórios, quando mapeavam os seus reflexos e depois os condicionavam. Não impressiona, entretanto, terem liberado seus instintos primitivos, simulando relações sexuais despudoradas em quaisquer manifestações culturais, numa aversão crescente à inteligência, que, não muito antes, parecia estimada.

    A teoria, até o momento, sugere ter sido a dopamina diária em níveis elevados mais devastadora do que qualquer outro entorpecente. Os poucos a preverem essas consequências foram tratados com desdém, acabaram esquecidos e subjugados, ou cometeram suicídio. Vocês terão mais detalhes nos relatórios completos.

    A animação seguinte desenha um panorama geral da vida estudantil. Em resumo, as novas gerações foram mostrando cada vez mais dificuldades de compreensão, até o momento em que passaram a depender totalmente da tecnologia para sobreviver. Rapidamente as inteligências artificiais tomaram conta do conhecimento de todo e qualquer assunto. Alguns, cínicos, duvidaram da catástrofe. O quociente de inteligência que esteve sempre em lento crescimento, decaiu bastante e jamais tornou a subir, como visto neste gráfico. O fim da história todos conhecemos.

    Resgatamos um pequeno grupo, mas ninguém sobreviveu. A princípio nos trataram como salvadores. Estavam debilitados e delirantes. Um deles deu indícios de recuperação; porém, morreu no dia seguinte. O seu corpo foi trazido para estudos genéticos mais aprofundados. Quando finalizarmos as pesquisas, faremos uma nova incursão até o local. Queremos entender a proliferação e superpopulação de insetos e
    galinhas. Além disso, pretendemos encontrar mais exemplares dos discos do Rush e do romance Moby Dick, talvez as únicas produções humanas a justificar tal esforço. Na sequência, vocês terão a apresentação de um estudo sobre a geologia vulcânica pré-colapso. Muito obrigado.


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