swahili

  • Lugares imaginados: Madagascar

    É inevitável criar expectativas antes de viajar para novos destinos, o que rende algumas decepções. Um dia ainda vou falar sobre esse assunto, mas hoje fico só com Madagascar.

    Não posso dizer que conheci o país porque estive apenas em uma cidade, Nosy-be, no entanto posso dizer que não pretendo voltar para conhecer o resto. A culpa não é deles, é minha por deixar-me levar por uma visão cor-de-rosa inspirada no título de um filme homônimo da Disney que nem sequer vi. De qualquer forma gostei de ter ido até lá: conhecer a realidade de uma nova cultura nunca é demais.

    O local é pobre e o trânsito caótico, muitos taxis tuk-tuks e até carros de boi. Primeiro nos levaram para ver uma árvore sagrada de duzentos anos em um bosque fora da cidade. Uma bobagem. Como sinal de respeito tivemos, homens e mulheres, de vestir uma roupa estampada típica, o que fizemos com alguma alegria e curiosidade. Entretanto quando nos pediram para tirar os sapatos eu e outras pessoas nos recusamos porque significava pisar descalços em uma terra bastante suja. Percebendo que íamos desistir permitiram que percorrêssemos calçados o caminho até o local sagrado, uma trilha de cerca de cinquenta metros ladeada por panos, a maioria vermelha, ao final da qual estava uma árvore que nos pareceu bastante comum. Senti pena do guia porque aparentemente aquele espaço significava muito para ele, embora estivesse longe de ser uma atração turística.

    Em seguida visitamos o exterior de uma casa abandonada conhecida como ‘casa fantasma’. Outra bobagem. Era apenas uma construção em ruínas com árvores crescendo dentro e ao redor. Ouvimos a história, verdadeira ou não, de como a casa, que nada tinha de interessante, ganhara fama de mal-assombrada.

    O Grand Finale foi uma suposta antiga aldeia swahili. Havia barraquinhas vendendo produtos típicos (preços só em dólar ou euro) e um espaço com gente dançando e tentando arrastar os gringos para a pista. A cultura swahili continuou tão desconhecida para mim quanto antes.

    Ah, mas e os lêmures fofinhos? O único que consegui ver estava no colo de um homem que cobrava um dólar por cada foto com o bichinho aprisionado. Nem pensar em incentivar essa prática com um animal tão simpático e ameaçado de extinção. Apesar disso muitos turistas pagaram.

    Todo mundo levou na esportiva e acabou sendo motivo de risadas: no retorno da visita à árvore sagrada havia uma ladeira e o velho ônibus que nos transportava não teve forças para subir. O motor morreu e os passageiros foram obrigados a galgar a encosta a pé, esperançosos de que o veículo vazio pudesse vencer o obstáculo. Demorou um pouco, mas deu certo e pelo menos desta vez não foi preciso empurrar a viatura.


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