Christopher J. Ferguson

  • Pérolas Clássicas!

    Mantenho minhas armas em punho durante o dia que corre mais que o vento, não desmanchei minhas trincheiras expostas na sala de estar e no quarto. 

    Bem verdade há muitos anos me preparo para atacar quando necessário, e me defender, quando balas de mau-humor e desinformação cruzam meus ouvidos atentos. 

    Vez por outra meus olhos enxergam o mau se apoderando de um local público, ou testemunho um evento radical voltado ao populismo desmedido.

    Porém, o que mais me importa são as balas e armas que mantenho estocadas agora com mais espaço e segurança.

    São meus livros. 

    Eles me embriagam de conhecimento e tonteiam meus rumos, devido à quantidade de possibilidades em suas páginas. 

    Essas verdadeiras armas contra todos os males, tornam o papel um farol noturno aos olhos cegos e inexatos, que por vezes teimam na busca de ideias fascistas ou sectaristas ao extremo. 

    Em minha cabeceira está o livro “Como a Loucura Mudou o mundo”, escrito pelo professor de psicologia Christopher J. Ferguson, que analisou o comportamento de líderes que já se foram para uma pior, já que por aqui deixaram dor e sofrimento.

    O personagem do capítulo da vez é Calígula, que manteve relações sexuais com as irmãs, e forçou alguns desafetos ao suicídio. Aquela mente perturbada governou Roma e promoveu o medo e a morte como uma das propostas de gestão. Impressionantes heranças consanguíneas mantiveram indivíduos desse calibre no poder. E a Loucura se mantém exposta aos desatentos e desafetos as soluções propostas. 

    Outro livro que me ronda é “Parque Industrial”, um romance proletário de Patrícia Galvão, a Pagu. Um importante documento social e literário, com uma perspectiva feminina e única do mundo modernista de São Paulo. Ele trata da vida dos operários no bairro paulistano do Brás, e relata a hipocrisia que se vale da desigualdade social para subjugar a mulher proletária. Um panorama dolorido e presente nos nossos dias, que ainda insistem ser ensolarados.

     Outro livro muito curioso que me surgiu presenteado é o “Guia de Leitura, 100 autores que você precisa Ler”, de Léa Masina, uma enciclopédia de escritores. Com minibiografias de 3 a 4 páginas dos escritores em destaque, com suas histórias, estilos, melhores livros, elaborado em companhia de críticos, jornalistas, professores e intelectuais da literatura, que contribuíram com seus conhecimentos para dar vida a um aperitivo sobre autores como Albert Camus, Umberto Eco, Thomas Mann, e um de meus preferidos Fiodor Dostoiévski que de Engenheiro a Militar, repousou na literatura, pérolas clássicas que cruzam os tempos.

  • A maldição suspensa sobre a história!

    Nosso mundo altivo com defeitos e qualidades, ainda é o único lugar que possuímos pra ficar e respirar normalmente.  

    Por isso não é possível aceitar um bebê fujão que foi devolvido para a barriga da mamãe, porque achou esse lugar horrível, sendo necessária realização de uma manobra chamada parto reverso. Ele não queria assumir sua responsabilidade em sobreviver aqui fora, porque, ao final das contas, é o que devemos aceitar na chegada aos berros na maternidade. 

    O filme “Bardo, falsa crônica de algumas verdades” é onde se passa essa história maluca, de um bebê que preferiu retornar ao útero de sua mãe, ao invés de se adaptar ao frio recém tocado. 

    Essa é a obra mais pessoal do Mexicano Alejandro González Iñarritu, que já ganhou quatro estatuetas do Oscar. O filme não tem estrutura, ordem cronológica ou lógica, é como um sonho sendo dirigido, onde seu centro é a emoção, e ali foi criada uma autoficção íntima. 

    Assim como essa aventura no parto, o professor de psicologia Christopher J. Ferguson, escreveu no livro “Como a Loucura Mudou a História”, sobre diversas personalidades já bem crescidas, importantes em suas comunidades pelo planeta, que provocaram o mal a seu povo, devido aos seus desvios de conduta e práticas maldosas, culminando na desgraça dos povos a seus pés. 

    As interações, natureza/criação, foram as bases para entender o comportamento de Alexandre o grande, que possivelmente seu avanço furioso para a Pérsia, teria sido explicado por Sigmund Freud como sendo o complexo de Édipo de maiores consequências em toda nossa história. Agia de uma forma que hoje chamaríamos de transtorno de personalidade narcisista, e com a dependência de álcool, desfilava arrogância, temperada a falta de empatia com as necessidades dos outros. 

    Outro personagem com passado marcado de sangue, foi figura carregada de ódio em suas mãos durante seu governo, e assim como o ego frágil não lida bem com o fracasso provável, o Sr. Idi Amin se manteve megalomaníaco, no tempo em que presidiu a Uganda, após um golpe militar em 1971, onde esfacelou mais de duzentas mil pessoas durante seu regime terrorista. Quando criança teve uma relação conflituosa com seu Pai, que o rejeitou, e talvez por isso necessitou praticar um governo inteiramente em torno de si como compensação. Retire a maldição suspensa sobre a história, e ela desaparece, assim como a existência. 

    Idealmente sonhamos que nossos governantes ao chegar no poder, com o povo em suas mãos, pudessem agir como no texto a Kénosis Paulina, onde ocorre a transformação do apóstolo Paulo, ao encontrar-se com Jesus de Nazaré, transmuda seu existir, e com lucidez cristalina, opta por “perder tudo, para tudo ganhar”.

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