Drauzio Varella

  • Mesmo instante fugaz!

    Especialistas e pensadores debatem quais são os dilemas acerca da passagem dos anos. O documentário “Quantos dias. Quantas noites” abraça a conexão humana com a idade e o tempo desde o aumento da expectativa de vida até as desigualdades que envolvem esse tema. 

    O longa de Maria Farinha Filmes, dirigido por Cacau Rhoden, realiza um profundo mergulho nos propósitos de nossa existência no planeta, e lhe faz refletir o que realmente tem valor para se preocupar nesse exato momento.

    Drauzio Varella “considerou que se você transformar sua vida num vale de lágrimas no qual submerge de corpo e alma, estará tornando-a uma experiência medíocre. Julgar que aos seus 80 anos, seus melhores momentos foram aqueles dos 15 aos 25, é não levar em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por si as experiências traumáticas, e relegar ao esquecimento as inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas que fizemos em nossa tenra época.

    Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem “cabeça de jovem”, isso é considerá-lo mais inadequado do que o indivíduo de 20 anos que se comporta como criança de 10″.

    A melhor idade é aquela que lhe traz qualidade em um determinado momento, e não somente na velhice. Quanto mais cedo você construir seu melhor capital social de amigos e parentes, sua base de satisfação se tornará sólida e larga, bem antes daquele instante que vais necessitar de um ombro como apoio à seus passos doloridos.

    O curioso é que a vida de uma pessoa se encerra somente quando morre aquele que falava dela, e que até então as memórias do que ela viveu ainda são lembradas em falas curtas e incompletas. Por isso, nada mais razoável fazer se valer da presença desse indivíduo em sua vida, e demonstrar o valor e suas habilidades únicas em qualquer época de sua curta existência.

    “Os sábios geralmente morrem loucos, os tolos morrem sufocados pelos conselhos. Embora muitos morram de tolhices, outros tantos nem começaram a viver.” (Antônio Abujamra)

    Aprenda a andar mais perto dos jovens, eles trazem novas ideias e formas de conviver diferentes nesse mesmo instante fugaz, por vezes mais leve, e assim lhe oportunizam sentir melhor no mesmo momento por estar envelhecendo, e não aborrecendo. A dor passa, mas a beleza permanece.


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