Ver a vida pela janela!
A janela de casa, com a rua e as pessoas que pintam o cenário de cada dia. Com suas cores e sons! Com seus dramas e tons!
A janela do carro ou do ônibus e a velocidade de tudo o que se vê na cidade: placas, cartazes, rostos, histórias…
Ver a vida pela janela!
E ver, com a pressa dos urbanoides de plantão, num frenesi e caos que não dão a certeza de nada.
Ou ver, com a calma do poeta, com a atenção para todos os lados e lugares, sabores, odores, enfim, com todos os olhares!
Assim, como o poeta, vejo a vida pela janela!
Às vezes, vemos o mar, prolongado, com seu movimento constante, espumas e brilho, mostrando sua força e imponência.
Às vezes, vemos a avenida e as milhares de histórias que se cruzam nos rostos de todos os que passam. E são aqueles que lutam a luta diária do pão. E são aqueles que procuram o sentido das coisas no meio do turbilhão. E são aqueles que se sentem sozinhos entre a multidão.
Às vezes, algumas crianças, no colo, ainda cheias de sono, sendo levadas por mães e pais cansados, alheias à cidade e agarradas em seus sonhos e imaginação.
Às vezes, o breve silêncio do sinal fechado e nenhuma palavra dita ou pensada. Como se fosse um transe! Como se nada fosse…
Às vezes, o silêncio dos que não mais amam, entrecortado por automóveis ou anúncios itinerantes. Mais um transe!
Às vezes (e estas vezes não são tão raras), basta um sorriso, um encontro, uma palavra, um mistério, um aceno, um aperto de mãos, um beijo que demora, o fuzuê na esquina, a dança dos jovens… basta que uma destas coisas aconteça, ou a junção de todas elas e… começamos ou terminamos o dia com a certeza do dever cumprido, preparados para o sono dos justos…
Tão estranha a vida na Terra!