Poesias de 1 a 99

Poema #22: AZ-2

.

Vozes inaudíveis
golpeiam meu silêncio
de bicho entocado.

Sou perseguido por fantasmas
(desdobramentos de mim)
e os apascento
em precária unidade.

Sei da existência sem vida
e dos hálitos fétidos da morte
que povoam a noite dos túmulos.

Meu corpo é um mapa
onde se cruzam
os mais diversos caminhos
da imaginação fantástica.

Tenho todos os demônios
empalhados no quarto
e cada dia escolho um
para sustentar os pesadelos.

E sobre os meus despojos
carcomidos pelo tempo
e pelas mortes diárias
que impus a mim mesmo,
nascerá uma flor infernal
para devorar todos os homens.

O Acaso das Manhãs

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Milton Rezende

Milton Rezende é poeta e escritor, nasceu em Ervália (MG), em 1962. Viveu parte da sua vida em Juiz de Fora (MG), onde foi estudante de Letras na UFJF, depois morou e trabalhou em Varginha (MG). Funcionário público aposentado, morou em Campinas (SP), Ervália (MG) e retornou a Campinas (SP). Escreve em prosa e poesia e sua obra consiste de quinze livros publicados. Fortuna crítica: “Tempo de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos (Penalux, 2015).

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