Crônicas

Viver é melhor que sonhar

Viver é melhor que sonhar. É do Belchior e está na belíssima canção “Como nossos pais”. A letra é um primor e acredito que as leitoras e leitores – sei que são poucos rsrs – que eventualmente se aventuram em ler o que eu escrevo têm idade para conhecer a letra.

Mas vale lembra-la.

Está lá que “Eles venceram/E o sinal está fechado prá nós”. Será mesmo? Acho que não. Nada está terminado. Ainda dá tempo de fazer sua parte “para o dia nascer feliz” – isso é Cazuza, tá?

O sinal no máximo está amarelo sem garantia de qual cor ele vai se tornar. Depende essencialmente de nós, do que podemos fazer. Conformismo não resolve.

Gilberto Gil ensina: “Sente-se a moçada descontente/Onde quer que se vá sente-se/Que a coisa já não pode ficar”. Isso é de “O grande Deus Mu Dança”.

Exemplos do que os mais antigos faziam são eventualmente bem vindos. Mas veja bem o que vai escolher. Se for viver como os seus pais, que ao menos sejam pais que saborearam a vida intensamente.

Não do tipo que “Tá em casa/Guardado por deus/Contando vil metal”. Para fazer o que com isso? Levar para a pirâmide

Ainda sobre mudança, lembra que não depende só dos outros mas de você. Que é muito bonitinho fazer postagens “engajadinhas” no Facebook. Mas é bom que saiba que elas serão lidas por aqueles que pensam como você. Sabia disso? Sim, é culpa do tal do algoritmo.

Então, se vai fazer algo de verdade saia da bolha ou, de outra forma, para de falar aos convertidos. Busque quem precisa escutar a razão e pode mudar seu olhar sobre a realidade.

Ainda dá tempo de fazer algo por você, por mim e por muita gente. Já vi muito campeonato ser decidido nos 44 minutos do segundo tempo.

Não perca a fé.

Não dê ouvidos a Lissa, divindade grega da raiva; ou a Fobos, divindade do medo. Ambos péssimas companhias.

Escolha ouvir Gil mais um pouco: “A gente quer mudança/O dia da mudança/A hora da mudança/O gesto da mudança”. De coração leve. Com esperança em realizar.

Afinal, viver é melhor que sonhar.

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Fernando Neves

Fernando Neves é carioca, nascido em 24 de setembro de 1965, na cidade do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Mora na cidade de São Paulo, continua Tricolor de Coração, é separado duas vezes e tem filhas gêmeas do segundo casamento. Jornalista profissional, desde os tempos no Colégio Pedro II sempre se interessou pelas letras, seja como leitor ávido seja como aprendiz de escritor. O jornalismo abriu a oportunidade de escrever e praticar mas não foi suficiente para seu desejo de escrever cada vez mais. As opções de forma são a mininovela e o conto. O estilo adotado pelo autor compreende um arco que inclui suspense, humor, conspiração e realismo fantástico. Semanalmente ele exercita sua paixão pela crônica e poesia publicando em seu instagram @fernandonevesescritor.

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