Viver para Contar
Chegaram à Rua Joana Angélica com uma mala por cabeça e outra, invisível, cheia de expectativas. Um queria o mar. O outro, o cardápio — pediu antes mesmo do check-in. O terceiro viria do Méier de Uber, com o cronômetro interno calibrado no “se a gente se organizar direitinho, dá tempo”. Hospedaram-se num hostel de nome esotérico e cheiro de maresia, onde gringos debatiam futebol em francês e pediam cerveja como quem reza. Os três queriam morrer de prazer — cada um à sua maneira.
Na primeira manhã, o anfitrião carioca apareceu de bermuda, chinelo e disposição. Levou os dois pra Ipanema. Um mar tão azul que doía nos olhos. Um sol que cobrava taxa pra sair nas fotos. Corpos esculturais — que Ipanema conhece de vista e de assobio. Entre um tibum e outro, cerveja gelada, espetinho de milho, camarão. O faminto saiu perguntando por tropeiro aos ambulantes. Os amigos riram. O vendedor, com paciência beneditina, ofereceu mate, Globo, pastel de camarão e sacolé de caipirinha. Era o que tinha — e era muito.
Ao longo do fim de semana, o roteiro se repetia: cerveja no bar do hostel, Parque Lage, Mosteiro de São Bento, praia. À noite, mudava o tom — boate em Copa, drinks fluorescentes, drag queens em cena, fumaça nos olhos, Spice Girls na pista, azaração sem CEP. Dormiam um pouco. E de manhã, os dois boêmios puxavam o amigo pra algum passeio: “Vai ter comida, juro.” Cumpriam. Bares na Lapa, cafés na Farme, almoço na Teixeira de Melo.
Andaram, riram, se perderam no metrô. Dormiam cada dia num horário, comiam o que queriam e quando dava na telha. Na Travessa de Ipanema, segunda-feira de sol, o cronista arrancou um guardanapo da mesa e rabiscou uma frase do Gabo: “Viver para contar.” Decidiu ali que aquilo viraria crônica. Afinal, viveram. E bem.
O Rio sentiria falta deles. Eles, do Rio.
Muito boa sua crônica amigo!!!
Valeu a aventura!!!
Viva a amizade!!