Vamos tomar um café?
— Um café? Sim, obrigada!
— Toma um café comigo? Claro, vamos!
— Aceita um cafezinho? Sim, aceito!
Vejam só: em todas essas frases há um convite que vai além da xícara. Há cumplicidade, um gesto de carinho, quase um abraço em forma de aroma.
Da história do café, lembro de uma narrativa antiga — um pastor de cabras africano, com a ajudinha de um monge, teria descoberto os efeitos revigorantes daquele grão escuro.
Verdade? Talvez. Isso não importa. O que importa é o que ele representa: esse pequeno ritual que cabe numa xícara e aquece a alma.
Tomar um café com alguém é mais do que saciar um gosto — é um tempo concedido, uma pausa generosa, um olhar que escuta. É o gesto de quem diz: “estou aqui com você”.
O perfume do café pela manhã invadindo a casa é quase um sinal de que o mundo segue. É continuidade, é calor, é o anúncio de que mais um dia começou — e, com sorte, com afeto.
Ainda que o café seja solitário, mesmo assim ele faz companhia. É o cheiro que abraça. O gosto que desperta. O silêncio compartilhado com a gente mesma.
O café da tarde tem seus rituais. Com a vizinha, com o parceiro, ou mesmo que você esteja só e com a cadeira vazia à sua frente, o valor de uma xícara é incontestável. Ele tem esse poder de reabastecer não só a energia do corpo, mas a ternura do coração.
Ninguém convida um desafeto para um café. Isso diz muito. Café é símbolo de reconciliação, de recomeço, de partilha. Já esteve em cenas emblemáticas de filmes, já foi desculpa para uma boa conversa, já foi até poesia.
Hoje, com o preço subindo mais do que o aroma na cozinha, na cafeteria ou no escritório, convidar alguém para um café virou quase um luxo afetivo. Mas vale cada centavo. Porque o café, mesmo caro, é a essência da cordialidade, do apreço e da simpatia. Por isso sempre vai ter o seu valor.
Então, não se furte a um convite:
Vamos tomar um café?