No final da última semana fui ao cinema assistir ao filme “Gladiador II”. Muito além da esperada continuação do longa de Ridley Scott, o surpreendente mesmo foi ver que a sala estava com poucas pessoas. Indiscutivelmente, a preferência do público era outra, o magnifico e brasileiríssimo, “Ainda estou aqui”.
Inicialmente, pensei estar vivendo em um sonho onde o cinema nacional consegue se destacar diante de uma superprodução norte americana. Quem dera essa realidade fosse constante… Agora, conforme a triste realidade tem demonstrado, esse episódio é uma exceção que raramente foge à regra. Mesmo sendo brasileiro e vivendo no Brasil, sabemos o quanto é comum ver as obras produzidas nos Estados Unidos recebendo mais espaço em nossas salas de cinema do que os nacionais. As razões podem ser objeto de tese.
Deixando essa discussão de lado e falando especificamente desse filme. Em termos de análise, como avaliar o impressionante trabalho feito por Walter Salles? Os comentários aos quais tive acesso nas redes sociais antes de assistir geraram tanta expectativa que até tive medo de sair do cinema decepcionado. Isso, não aconteceu. Sai, ao contrário, emocionado. Essa obra de arte cinematográfica sobre esse tempo nefasto vivido em nosso país foi capaz de me causar o sentimento mais genuíno, a emoção.
Dito isso, entro no ponto almejado ao fazer toda essa introdução, o tema do longa nacional. Vivemos em tempos muito sombrios da história. Aliás, essa tem sido cada vez mais esquecida diante de um esforço de muitos fazem para isso. O Brasil viveu uma ditadura. Ela foi muito cruel e suprimiu liberdades. Assim como na ficção, pessoas foram capturadas, torturadas e caladas. Jamais podemos deixar isso acontecer novamente. Esse é o ponto. Por esse motivo, precisamos aproveitar o chamado “hype’’ desse filme para falar sobre assuntos que alguns nos fazem diariamente tentar esquecer, ou seja, história e ditadura.
E o Oscar? É um privilégio poder assistir a uma atuação tão magnifica de Fernanda Torres. A atriz não merece somente uma estatueta, merece o mundo! No entanto, ganhar ou não o prêmio não fará de “Ainda estou aqui” gigante. Ele simplesmente o é, e sempre será. Por isso, independente de vencer ou não um prêmio, historicamente voltado majoritariamente a indústria cinematográfica norte americana, precisamos abraçar esse filme, falar sobre seu tema principal e, sobretudo, ter orgulho por viver em um país culturalmente tão rico, com atores tão magníficos e que sabe fazer cinema de qualidade.