Almas
Almas rasas, almas profundas. Almas quietas, almas inquietas. Almas glutonas. Ou seriam corpos glutões? Almas machucadas, doídas, que não são percebidas. Almas irmãs, almas curiosas, almas altruístas.
Olhar, esquadrinhar, perscrutar…
É desonesto? É como espiar pelo buraco da fechadura? É pretensioso?
Não sei… mas não consigo evitar. Meu olhar atravessa os corpos, vasculha os gestos, decifra os silêncios. Cada passo que vejo guarda uma história, cada olhar desviado esconde um receio. Há almas que se mostram sem perceber, e há outras que se escondem, mas não o suficiente.
Ah, meus amigos…
Como eu gostaria de ser uma alma bebê…
Só assim eu deixaria de ver. De perceber. De saber.
Uma alma inocente não veria malícias, subterfúgios, intenções. Não distinguiria as sombras dos sorrisos, as hesitações dos fingimentos. Viveria sem o peso da consciência, sem essa insuportável necessidade de compreender o que deveria passar despercebido.
Quisera eu ter a inocência de estar desnuda e não perceber…
Mas não! Prefiro estar oculta a estar desnuda…
Afinal, para quê saber das fragilidades, da inocência, da malícia?
Por quê? Para quê? Essa é a pergunta que atormenta a MINHA ALMA…
E ainda assim, eu continuo olhando.