Dia do fico
Toda segunda e quarta é dia de lutar por melhores condições de vida no futuro: dia de pilates. A motivação que me leva até lá, semanalmente, é equivalente ao ânimo de comprar um produto que não sei se chegará ao destino ou se terei tempo de desfrutar, mas compro por desencargo de consciência (vai que preciso…).
Sigo o fluxo, sempre em frente, na busca de um envelhecimento ativo e saudável ainda que, naquela sala cheia de molas, pesos e caneleiras, eu encare a face sádica do tempo.
Dona G chega acompanhada do marido. Passos miúdos, andar cambaleante de um corpo que teima em não aceitar comandos, nem os dela.
Olhos de um verde aceso bailam sem rumo pelo espaço. O sorriso ingênuo grudado nos lábios delata a persistência de uma alegria que não se justifica mais. Tudo ali é passado.
Presente só o silêncio do amanhã.
A professora, pacientemente, explica os exercícios para Dona G. Suas palavras caem na cabeça da querida senhora feito chuva que não se espera.
Fico ali a me perguntar: qual o sentido de tudo isso? No lugar dela, eu escolheria continuar cuidando de um corpo que me traiu de forma tão falsa ou gastaria meus dias sentada numa varanda, admirando, sem culpa, a natureza?
A questão retorna com a dor de um haltere caindo no dedão do pé: qual o sentido de tudo isso?
Não sei. Talvez a vida careça de um sentido inventado. Ou só seja possível vivê-la em estado de pura abstração.
Tô que nem tu… não sei porque faço, mas faço! Ainda mais quando comprovei que com alguns exercícios, minha dor no joelho passou! Pode ser aquela sorte de principiante, mas vai que é verdade!
Vivendo um dia de cada vez…. ❤️❤️❤️
Porque a vida presta e queremos muito viver la!! 🕊🤍
É pq, como já disse o grande Gonzaguinha, “é bonita é bonita e é bonita”.