Prosa Poética

Ilusões

Surgem como uma pulsada, naquela subida de sangue que invade o cérebro, insufla as veias, tonteia, bambeia as pernas.

Se fazem presentes no sonho desperto, no pensamento à toa, na dispersão do foco. Se estabelecem, prosperam.

Na quentura do coração, fermentam. Levain que cresce a cada dia. Da própria farinha imaginária se alimentam. Regadas por nossos sonhos se multiplicam, se agigantam.

Atingem seu auge, ocupam os vazios, preenchem, inebriam. Esplendor colorido de uma bola de chiclé sabor tutti-frutti.

Pingue-pongue! A costura da vida alfineta, impiedosa. A esfera estala, murcha. Lá se vão as quimeras com que inflamos nosso balão de ilusões.

Resta só uma goma indigesta que gruda na nossa cara, perplexa.

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Ana Helena Reis

Ana Helena Reis é paulistana, pesquisadora e empresária, com extensa produção de textos acadêmicos. Em 2019 começou a se dedicar à escrita literária e à ilustração de seus textos em prosa: contos, crônicas e resenhas, relacionados a fatos e situações do cotidiano. Publica em seu blog, Pincel de Crônicas, em coletâneas, e revistas eletrônicas. Em 2024 lançou seu primeiro livro solo, Conto ou não conto, pela editora Paraquedas/Claraboia, e, em Espanhol, Inquietudes Crónicas, pela editora Caravana/Caburé.

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