Poesias de 1 a 99

Poema #15 – EUTANÁSIA

.

Sob uma chuva de outubro
o germe penetrou
no solo árido de mim,
onde as emoções se resguardavam.

Mas o sol e o raciocínio
dos meses subsequentes
atrofiaram o germe ávido
que havia trazido o amor.

E foram tantos os desencontros
do clima naquele ano
que a meteorologia afetiva
justifica-se culpando a ambos.

Agora, numa sala de espera
contígua à do esquecimento,
resta-nos como única saída
a eutanásia cúmplice
do que restou do sonho.

O Acaso das Manhãs

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Milton Rezende

Milton Rezende é poeta e escritor, nasceu em Ervália (MG), em 1962. Viveu parte da sua vida em Juiz de Fora (MG), onde foi estudante de Letras na UFJF, depois morou e trabalhou em Varginha (MG). Funcionário público aposentado, morou em Campinas (SP), Ervália (MG) e retornou a Campinas (SP). Escreve em prosa e poesia e sua obra consiste de quinze livros publicados. Fortuna crítica: “Tempo de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos (Penalux, 2015).

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