Viagem no Tempo
13 de fevereiro é o Dia do Rádio. Aquele que já foi essencial nas casas das famílias, por mais simples que fossem.
O pai ouvia as notícias através da Voz do Brasil.
A mãe encantava-se com as vozes dos heróis e heroínas das novelas de rádio.
Ah, Albertinho Limonta, como você pôde renegar seu filho em O Direito de Nascer?
E as mocinhas sonhadoras?
Encantavam-se com as músicas apaixonadas dos cantores que se tornavam ídolos da juventude:
“Quero beijar-te as mãos, minha querida
És o maior enlevo da minha vida.”
O rádio era um passaporte para outros mundos e, ao mesmo tempo, reunia a família ao redor de suas ondas sonoras. Juntos, apreciavam a música, vibravam com partidas esportivas e acompanhavam programas de entretenimento. Ah, e não se perdia o horóscopo! Na sala de casa, ocupava um lugar de destaque, e os locutores de rádio tornavam-se quase membros da família, de tão conhecidos que eram.
O próprio aparelho era um símbolo de status. Famílias mais abastadas das décadas de 70 e 80 passaram a ter o rádio vitrola em suas salas e, posteriormente, o famoso três em um, o auge da ostentação.
Com o tempo, o rádio perdeu seu trono na sala de estar. Pequeno e portátil, deixou de ser um evento coletivo para se tornar uma companhia individual. Depois, a televisão assumiu o protagonismo, e aquele brilho dourado das ondas sonoras foi se apagando no cotidiano das famílias.
O Dia do Rádio. Não sei exatamente o significado dessa data, mas sei o que ela me traz: uma enxurrada de lembranças.
Lembrei-me da caixa com brilho de verniz, com os alto-falantes escondidos pela tela entremeada de linhas douradas e, em cujas ondas, eu sonhava com o futuro.
Lembrei-me do meu pai, no final da tarde, com seu rádio portátil preto, onde talvez ele rememorasse o passado.
Hoje é o Dia do Rádio. E, entre tantas transformações, ele permanece. Talvez não mais no centro da casa, mas sempre no coração e na memória.