Crônicas

A crônica de todos nós

A crônica tem todos os rostos: brancos, pretos, asiáticos e mais!

A crônica tem todas as cores, odores e sabores que podemos imaginar!

A crônica é, como diria o poeta, uma janela para o mar!

A crônica tem todas as linguagens e gestos e sinais!

A crônica é simplesmente a crônica. Assim leve como um sorriso, quente como um abraço, demorado como um beijo apaixonado.

A crônica tem todos os rostos e olhares. Rostos redondos ou retangulares… olhares de canto, olhares de ressaca como os de Capitu

Rostos e olhares… alguns perdidos e achados no meio do caminho.

E no meio do caminho pode haver poesia sim!

Mas muitas vezes tem pedra, poeira e sal.

Mas qual o mal?

Se não fossem as pedras ou a poeira ou o sal, o que seriam de tantas histórias que se fizeram no labor das coisas?

A crônica segue a vida. Em caminhos e descaminhos. Em subidas e descidas. Dia ou noite. Choro ou riso.

A crônica tem todos os rostos. E cada rosto um dom, um amor, um sonho e uma decepção. Cada rosto uma memória, um perfume e uma canção.

O cronista avança pelas ruas e avenidas e escreve. Escreve sobre o tempo e todas as coisas que ele deixa e leva. Escreve sobre as luzes e os cartazes que apontam e vendem e prometem tantas coisas. Escreve sobre o movimento intenso de tudo. Fluxo.

O cronista escreve sobre os rostos que vê ou imagina. João, Maria, José. Bernardo, Miguel e Adelaide. Será que Antônio reclama de um amor? Ou será que a Laura não para de sonhar e tem dificuldade de aterrissar? Ou então o Carlos, a Helena e o Simão? O próximo passo entre felicidade e a solidão?

São tantos os nomes e tantas as vidas que passam…

A crônica? A crônica passa e não passa. Muda e não muda! Avança e fica no mesmo lugar!

A crônica segue como testemunho de todos os homens e mulheres que todos os dias vivem a vida.

A vida? Seja nas tragédias urbanas ou nas histórias de amor, é o melhor material para qualquer cronista.


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Campista Cabral

Campista Cabral, leitor assíduo dos portugueses Camões e Pessoa, do poetinha Vinícius, herdou deles o gosto pelo soneto. A condensação dos temas do cotidiano, assim como a reflexão sobre o fazer poético, parece procurar a sua existência empírica ou, nas palavras do poeta, um rosto perfeito, na estrutura do soneto. Admirador e também leitor obsessivo de Umberto Eco, Ítalo Calvino, José Cardoso Pires, Lobo Antunes, do mestre Machado de Assis e do moçambicano Mia Couto, retira dessas leituras o gosto pela metalinguagem, o prazer em trabalhar um espaço de discussão da criação literária em sua prosa. A palavra, a todo instante, é objeto base dos contos e das crônicas. A memória, o dia-a-dia, o amor, as sensações do mundo e os sentidos e significados da vida estão presos nos mistérios e assombros da palavra.

3 comentários

  1. Olá, Cabral!

    Esse gênero textual é tão nosso e tão universal! Ler sobre a crônica numa crônica sua é tudo de bom.
    Grande abraço.

  2. A Cronica nos remete o nosso cotidiano de cores múltiplas, e, é coerente com a beleza, simplicidade, harmonia e amor à VIDA que o Criador nos presenteou!Mesmo com as adversidades da vida ela não deixa a sua arte de às DUAS realidades da vida o Bem e o Mal,essa antítese faz parte do nosso UNIVERSO!!!Parabéns aos cronistas renomados,e aos que estão no anonimato!!!Um Forte Abraço a todos leitores!!!

  3. É George, as crônicas retratam o cotidiano e sempre nos revelam as alegrias, dores e tantos sentimentos que passam por nós sem percebermos. Seus textos são lindos e nos remetem a situações que vivemos e nos fazem refletir. Obrigada, amigo, por nós fazer acordar nos seus textos.

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