Poesias de 1 a 99

Poema #16 – Convidados

Da janela da casa onde moro
aguardo a chegada de alguns
amigos para a festa de
aniversário.

Nada se move, exceto a minha
sombra na varanda, vazada de
angústia, silêncio e noite.

Fecho as janelas da casa
onde moro e ainda dou
uma última olhada através
das frestas da veneziana.

Nada se move, exceto a noite
com a sua noção de simultaneidade
do tempo, das pessoas e das coisas.

Nada se move, exceto o silêncio
que domina o ambiente e repousa
na visão do telefone emudecido
e inútil sobre o criado-mudo.

Fecho a porta do meu quarto
e a casa onde moro fica escura,
imersa na solidão dos cômodos.

Inventário de Sombras

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Milton Rezende

Milton Rezende é poeta e escritor, nasceu em Ervália (MG), em 1962. Viveu parte da sua vida em Juiz de Fora (MG), onde foi estudante de Letras na UFJF, depois morou e trabalhou em Varginha (MG). Funcionário público aposentado, morou em Campinas (SP), Ervália (MG) e retornou a Campinas (SP). Escreve em prosa e poesia e sua obra consiste de quinze livros publicados. Fortuna crítica: “Tempo de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos (Penalux, 2015).

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