Poesias de 1 a 99
#01 – ímpetos de reformulação e atitude
.
Acendi uma vela, e me veio
De outro plano
que não eu, mas era eu, também
Acender 8
o 8, deitado, é o infinito
8, em pé, conforme as coloquei
tornou-se fogueira
O fogo ardeu, ardeu e
enquanto eu vivia o momento presente
As duas coisas ligaram-se
Dançado ardentemente
Pavios como mãos dadas
Fogo fátuo, feito, farto
De repente
minha atenção recor-
tou-se em du-as
duas
e eu estava
um olho em algo,
outro na labareda,
e quando
as parafinas
finas de cada vela comprida –
enfim fundiram-se em uma
só coisa ardente
pude ver-me eu
como mãe
de mim mesma
e minha filha – que ainda não veio
e mais um ser,
nós duas em 1
Três
Três
Três chamas que dançavam
como que se conversassem
por horas
Anos
Gerações
E então o ar tornou-se perfume
o perfume das mil velas que queimam
dentro das catedrais
E meu ventre
tal qual um oráculo divino
Escureceu
Não era peso ou dor,
Mas silêncio
um peso nuvem
Um descanso
Hibernação
Libertação
dentro de uma jornada que se finda
Aos poucos
Infinitamente
Para Três
Três almas
Três sabores
a vida lançou-se para o infinito
para cima
potência de início –
a chama única dentro do pote de vidro
enegrecido
abraço de fim.
E
Adormeci
Nova
para um novo amanhã
Como fios de uma tapeçaria que tece as raízes da vida, cada verso ecoa a sabedoria milenar feminina. Um canto que dança entre o infinito e a árvore da vida.
Bia Mies, é sempre muito agradável a leitura de suas crônicas,poesias e crônicas poéticas.Sim,porque elas se misturam sempre ao meu olhar. Parabéns, mais uma vez.👏👏👏👏