Somos coisa
De cabeça baixa andamos. Com as mãos nas teclas, dirigimos. Com um dispositivo móvel, atravessamos a rua.
E não vemos, não sentimos, não percebemos a própria vida… tão imersos estamos no mundo digital!
E consumimos imagens e vídeos e textos os mais variados.
E rimos e choramos com tudo o que nos é mostrado na telinha. Com o movimento dos dedos, vamos assistindo, assistindo, pulando e assistindo até que mais um dia chegue ao final sem que vivêssemos o dia de fato!
Sem percebermos, vamos deixando nossa humanidade a cada dia. Não interagimos! Não nos arriscamos genuinamente. Tudo é a tela!
E estamos mais impacientes porque tudo deve ser feito em uma velocidade absurda! Não há mais paciência para os processos da vida. Todo processo é lento e requer paciência! Paciência!???
Não argumentamos, brigamos, discutimos e acusamos sem ao menos entender do assunto. Viramos especialistas em tudo e, sobretudo, em política!
Ah! Que saudade dos pés molhados ao andar pela praia. Que perfume gostoso das árvores e das folhas e flores no caminho à noite! E o cheiro de terra molhada então?
Ah! Que saudade de conversas longas com os amigos e sem preocupação de tempo.
Que saudade de fazer as coisas sem ter a obrigação, obsessão, compulsão pela tela!
Que saudade da vida humana!
Esta vida de agora, robótica e frenética, não é vida não! Somos mais objetos que seres! Somos coisa! E cada vez mais, insignificantes!
Brutalizados pelas ditas polarizações, vamos colocando camadas e mais camadas de superficialidades, de verdades fragmentadas e muita afetação!
O indivíduo pós-moderno é ele todo um objeto pulsante, eletrificado e plasmado ao mundo atual.
Como diria o poeta mineiro, Somos a coisa coisamente!
É, meu amigo. Mais uma vez estamos em sintonia domingueira!
Viva a arte, que arrefece a frieza desse passar do tempo coisado! Ótimo domingo!