Autores

  • set- 2024 -
    18 setembro

    A SANTA DAS BRs

    Das que vivem nas estradas e costumam subir na boleia dos caminhões, a Santa é a mais velha. Ainda conserva as grandes tetas, com o bico marrom pendurado nas extremidades. O pinto ela nunca quis cortar. “Esse nasceu comigo e ainda tem serventia”, justifica. Esperta e rápida, conhece e domina as rodovias próximas à cidade e a paisagem escura ao redor, apesar da iluminação forte dos postos de gasolina. Contam que é sobrevivente da matança de travestis nas BRs nos anos 2000, na capital paulista. Poucos motoristas chamam por ela.…

    Leia mais »
  • 17 setembro

    Deixe as quinas livres!

    Não é notório o peremptório pacto sobre formas de estrutura de quina nos guarda-corpos (popularmente ditos corrimãos). Deixemos que a liberdade flua por entre as forças físicas que o mantém firme: deitemos por terra a quina, uma reta majestosamente anacrônica, que se vangloriza de sua sina – e importância ‘inforjável.”¹ Estruturas… abalemo-nas! Libertemos os ângulos, para que sejam mais agudos ou obtusos aos olhos de um passante com tempo livre – cada vez mais curioso… raro é o observar; os ângulos podem ser o que lhes convir, a torto ou…

    Leia mais »
  • 15 setembro

    Sobre dentes e livros

    Retomando a minha colaboração com o Crônicas Cariocas , que retorna aos leitores, pensei em escrever mais crônicas do que críticas, meu foco na fase anterior do site. De certa forma, porém, não deixo de falar sobre livros, pois eles servem de ponto de partida para minhas elucubrações, ainda mais quando refletem justamente sobre algo do meu cotidiano. Foi o que aconteceu por esses dias, quando tive que enfrentar duas dentistas e, por coincidência, me caiu em mãos certo livro policial que envolve dentes. O dente é uma das provas…

    Leia mais »
  • 13 setembro

    A precisão dos clichês

    Os manuais de redação dizem que escrever bem é evitar lugares-comuns. Nada compromete mais o estilo do que o uso de expressões batidas, do feijão com arroz linguístico, que nada acrescenta à expressão. Mas não é fácil fugir ao clichê (acabei de usar um no período anterior: “feijão com arroz”). Por que é tão difícil escapar dessas fórmulas? Em parte, porque a língua tem um estoque limitado de imagens; não se pode a todo momento criar uma metáfora e, menos ainda, fazê-la atraente ao leitor. O público às vezes leva…

    Leia mais »
  • 9 setembro

    Encontro de ponteiros

    Desde pequena ouço dizer que tudo na vida tem seu tempo. Não que eu duvide dessa afirmativa, mas me causa profunda irritação o fato de que nós (eu e o tempo) temos ritmos, velocidades, cadências e interesses distintos. Pelo menos, no que diz respeito às minhas expectativas, o mocinho sempre se mostra desatento, desorganizado e procrastinador. Não importa se tenho pressa de saber o resultado de uma prova ou entrevista, de receber uma ligação importante ou ouvir um “eu te amo”, o tal do tempo vem lento, pesado, arrastando o…

    Leia mais »
  • 5 setembro

    Crônicas Cariocas: Voltamos

    Crônicas cariocas das ondas do mar. Rio, calçadão, agitação… Isso me faz pensar! Crônica capixaba, mineira, baiana. Crônica pernambucana, gaúcha, paraibana! Crônicas de todo lugar! Crônicas de vento, Crônicas de ar! Crônicas das montanhas E crônicas para confabular! E assim, desde 2006, o Crônicas Cariocas mostrou um Brasil inteiro: homens e mulheres de vidas tão singulares! No entanto, aproximando norte e sul e seus diversos olhares, textos e mais textos registraram vida, amores, perplexidade. Revelaram a contradição, o senão e as coisas da cidade! E assim, o Crônicas Cariocas, com…

    Leia mais »
  • 5 setembro

    Crônicas Cariocas 18 anos

    Depois de um ano sabático, o Crônicas Cariocas retorna, rejuvenecido, para comemorar com seus colaboradores, colunistas e seguidores dezoito anos de existência voltados à divulgação da cultura e dos autores nacionais. Vamos, juntos, para torná-lo cada vez mais um ponto de encontro de talentos da literatura.

    Leia mais »
  • 5 setembro

    Fazer a coisa

    Assim que entrou em casa de volta do trabalho, encontrou seu marido pendurado pelo pescoço na viga do teto, bem no meio da sala. Analisou a cena por dois minutos, tentando entender o que acontecia. Viu quando ele, arrependido do gesto impensado e louco, apontou para a corda que o sustentava, querendo dizer algo sem conseguir, a garganta fechada pelo nó. Esperou mais três minutos antes de ir à cozinha, calçar um par de luvas e voltar com uma faca na mão. Seu marido esboçou um sorriso de alívio quando…

    Leia mais »
Botão Voltar ao topo